A minha impaciência ñ tem limites e acaba sempre por ir ter contigo.
Amparas-me (...) as outras fogem, dão à sola, só cá voltam quando precisam. Tu não, tens o tom certo, usas as palavras mais adequadas. Ñ facilitas e assim mesmo é que tem de ser. Amas-me daquele teu jeito, incondicional. Sei que ñ sou fácil, que te exijo paciência, a mesma paciência que eu ñ tenho (e deveria ter). Sei também que descarrego em ti coisas que nada têm a ver contigo, mas (...) amo-te, tão simples quanto isto!
Sabes, quando se gosta, gosta-se da esquerda para a direita, da direita para a esquerda. De cima para baixo, de baixo para cima. Na diagonal. A cores. A preto e branco. A guache. A acrílico. A marcadores, a grafite, a caneta preta, verde e roxa. De pernas para o ar, de braços esticados. A fazer o pino, a cambalhota, a roda, a rodada. Gosta-se a plasticina, a carvão, a quente, a frio. A congelado, a escaldar. Gosta-se bem e mal passado. Gosta-se a correr, a caminhar. Gosta-se à chuva e ao sol. Gosta-se a rir, a gritar, a chorar, a falar, a berrar. Gosta-se às trincas, às garfadas, às colheradas. Gosta-se com prato e sem prato. Gosta-se com musica, com desenhos, com pinturas. Gosta-se com baton e com rímel. Gosta-se de olhos abertos, de olhos fechados, no escuro e à luz. Gosta-se por tudo. Gosta-se por nada. Gosta-se.
Eu, gosto. Gosto de ti!
Quero acordar às oito da manhã com mensagens tuas quando podia ficar a dormir até ao meio da tarde em pleno dia de férias. Quero falar contigo ao até me doer o ouvido, quero ironizar, fazer-te tirar as tuas próprias conclusões. Quero preocupar-me contigo, estar a par do que se passa, deixar o telemóvel com o volume no máximo para o caso de precisares de desabafar ao meio da madrugada, depois de uma noite agitada.
Diz-me o que correu mal, o que te falta, o que precisas que faça, que diga. Relembra-me a importância que tenho, a falta que me sentes, os abraços que te apetece dar-me (...) vá, diz lá. Chateia-me, vá, tira-me do sério. Chama-me mil e quinhentos nomes, diz-me o que preciso ouvir e mais ninguém tem coragem de me dizer.
Ñ quero continuar a dormir horas a fio, sem preocupações, sem falar contigo até estar a cair de sono e, mesmo assim, não me queixar. Ñ quero sentir-me inútil, fora de ti, ñ quero que pareça que já ñ me preocupo contigo. Espero apenas que compreendas que a falta de tempo é muita mas que, para ti, há sempre lugar na complicada correria do meu dia-a-dia.